Como é uma dúvida recorrente, acho conveniente tocar no assunto pra deixar as coisas claras.
A documentação ortodôntica consiste numa série de exames que o paciente precisa fazer para instalar o aparelho dentário. Nela constam: radiografias, fotografias, modelos em gesso da boca do paciente e traçados cefalométricos, ou seja, as “medidas” da pessoa. Por que tudo isso? Por 2 motivos principais: verificar se nada impede que o aparelho seja colocado e fornecer dados para que o dentista planeje o tratamento do paciente. Sim, nem todas as pessoas estão aptas a usar aparelho ortodôntico.
Modelos de estudo em gesso
Às vezes os exames radiográficos revelam problemas que, pelo exame clínico, não são verificáveis. A saber:
- Dentes inclusos: um ou mais dentes que não nasceram ainda e provavelmente não vão nascer sozinhos, mas que podem atrapalhar a movimentação dos outros dentes. Nesses casos, ou o dente em questão é extraído cirurgicamente ou é puxado para fora através de um procedimento chamado tracionamento.
- Cáries: algumas cáries não são visíveis ou passam batidas no exame clínico, principalmente aquelas que ficam escondidas entre 2 dentes. E, por mais que você esteja ansioso pra começar logo, é imprescindível fazer todo o tratamento clínico (restaurações, tratamentos de canal, etc.) ANTES de colar as pecinhas do aparelho. Isso porque a presença do aparelho dificulta bastante a higienização… e se você já tem cáries antes, a possibilidade de ter cáries durante o tratamento é real.
- Problemas periodontais: os tecidos que estão em volta dos dentes são responsáveis por mantê-los lá, firmes e fortes. Quando há algum problema periodontal ativo é TERMINANTEMENTE PROIBIDO colocar aparelho ortodôntico. E, embora a radiografia panorâmica não seja a ideal para verificar problemas periodontais, pode propor ao dentista um exame mais completo do paciente.
- Presença de tumores: sem querer assustar você… mas, algumas vezes, tumores ósseos e de tecidos moles são descobertos numa simples radiografia panorâmica de documentação ortodôntica. E, nesse caso, colocar aparelho deixa de ser prioridade, não é mesmo?!
Traçados cefalométricos (acima) e radiografia panorâmica (abaixo)
O que eu citei acima são possíveis achados radiográficos mas, claro, estou sendo
realistapessimista. O que eu acho que NÃO DÁ MESMO é planejar um tratamento ortodôntico sem nenhum exame na mão. Por mais que o ortodontista se baseie no perfil facial do paciente pra determinar algumas condutas clínicas, muitas perguntas ficam sem resposta. Um dentista que faz esse tipo de “serviço” está desconsiderando uma série de dados, riscos e fatores importantes que envolvem um tratamento ortodôntico. Sem contar que tem muita gente por aí que “coloca aparelho” e nem dentista é!
Por isso, cuidado caro leitor. Se o seu dentista disser que “não precisa de exame nenhum” ou que é pra “fazer depois de instalar o aparelho”, desconfie. Colocar aparelho sem no mínimo uma radiografia panorâmica em mãos, não dá. Não se arrisque à toa… sua saúde vale mais que seu sonho de usar aparelho.
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